A propriedade de José A. Trespach e o bairro Panorâmico
José Antônio Trespach (1927-2002) era filho de Alfredo Antônio Trespach (1901-1947) e Olinda Schumacher (1903-1988), e tetraneto do imigrante Friedrich Dressbach (1778-1853). Com a vida difícil no interior de Maquiné e um futuro incerto para os cinco filhos pequenos, José Antônio Trespach decidiu mudar-se para Osório onde o irmão Arlindo já trabalhava com fotografia.
No inicio de 1966, com a esposa Sidônia grávida do oitavo filho, começaram os preparativos para a mudança. Venderam as terras na Linha Pelúcio – em mãos da família desde 1890 – e compraram as terras de Marcelino Gross, em Osório. No dia 11 de maio de 1966, o caminhão de “Zé Isaque” trouxe toda a mudança. Vieram José, a esposa, e os filhos Beatriz (com 14 anos), Odilon (13), Ildo (11), Gilmar (10) e Sérgio (4). Não vieram a filha Beloni, já casada com Oscar Bopsin, e a filha Norma que estava completando os estudos em Itati. Ele havia vendido a propriedade em Maquiné para tentar uma vida melhor para os filhos e construiu o que hoje é um bairro!
Eis a integra do documento de compra da propriedade na “Chácara do Velho Borba”, onde atualmente se localiza o bairro Panorâmico em Osório, em 1966:
“Eu, Artur Pasqualini, oficial do registro de Imóveis e especial do Município de Osório, Estado do Rio Grande do Sul Certifico que às fls. 288 do livro 3-AO, foi feita hoje sob n.º 38.304 a transcrição do imóvel seguinte: Um terreno rural de agricultura, com a área de 72.600 m2 mais ou menos, medindo 164 metros de largura na frente, com 186 metros mais ou menos de largura nos fundos, fazendo frente, na estrada da Caiera [atual Rua da Lagoa] a, fundos com terras de Manoel Cândido de Azevedo [conhecido como “Nego Décio”], com a extensão de 415 metros mais ou menos, dividindo-se por um lado, com terras de Maximiano de tal, inclusive uma casa de madeira, em mau estado de conservação, edificada sôbre o terreno supra descrito e tôdas as benfeitorias existentes, o referido terreno fica situado no lugar denominado Chácara do Velho Borba, e também somente “Borba”, transcrito neste registro sob n.º 31.680 no livro 3-AI. Adquirente: José Antônio Trespach, brasileiro, casado, agricultor, residente no distrito de Maquiné. Transmitente: Marcelino Gross e sua esposa Luiza Alfredina Gross, brasileiros, casados, agricultores, residentes neste município. Forma do Título: escritura pública de compra e venda lavrada em 24/3/1966, pelo Escrivão distrital de Maquiné, Alberto Pedro Schmidt. Valor: C$ 450.000. O referido é verdade e ou fé.
Osório, 4 de agosto de 1966. O Oficial: [ass.]”
Do “Registro de Imóveis de Osório, Artur Pasqualini, Escritura pública de compra e venda lavrada em 24 de março de 1966, Outorgante Marcelino Gross e sua esposa, Outorgado José Antônio Trespach”.
A propriedade foi transformada em um loteamento conforme o Decreto 002/82 de 14 de janeiro de 1982, do acervo da Prefeitura Municipal de Osório:
“O Prefeito Municipal de Osório, no uso das atribuições que lhe são conferidas e de conformidade com a lei n.º 1.576, de 07 de janeiro de 1977, Decreta:
Art. 1º – fica aprovado o loteamento de uma área de terra, localizada no perímetro urbano desta cidade, denominado Panorâmico, com 72.167,90 m2 (setenta e dois mil, cento e sessenta e sete metros e noventa centímetros quadrados), de propriedade da firma José Antônio Trespach […], medindo 164,00m (Cento e sessenta e quatro metros) de frente, à Rua da Lagoa; 190,98m (cento e noventa metros e noventa e oito centímetros) nos fundos, com terras de Mário Ferreira da Silva; 408,35m (quatrocentos e oito metros e trinta e cinco centímetros) de um lado com terras, também de Mário Ferreira da Silva e 407,81m (quatrocentos metros e oitenta e um centímetros) do outro lado com terras de Inácio José Vargas, de acordo com as plantas e memorial descritivo que fazem parte do processo n.º 6067/81 de 28/12/1981, desta Prefeitura.
Art. 2º – O loteamento referido no artigo anterior é componto [composto!] de 12 (doze) quadras com 102 (cento e dois) lotes.
Art. 3º – Revogam-se as disposições em contrário.
Prefeitura Municipal de Osório, em 14 de janeiro de 1982
[ass.] Jorge Dariva – Prefeito [ass.] Carolina Emerim Simoni – Secretária de Administração”.
A Rua Alfredo Trespach, Osório
Quando da criação do Panorâmico, as seis ruas que o constituíam foram denominadas por números (1, 2, 3, 4, 5 e 6). Só em 1991 foram escolhidos nomes. O projeto de Lei n.º 08/91 foi aprovado pela Câmara de Vereadores em sessão de 23 de abril. Na justificativa da Câmara realizada, em 18 de março de 1991 e assinada pelo Vereador Teodoro Tomaz, consta em sua p. 2 e seguintes:
“Desnecessário seria fazer justificativas para dotar-mos as nossas ruas de nomes, pois necessidade faz-se sentir no dia a dia da nossa população. No caso em tela, estamos atendendo um apelo dos moradores e proprietários daquele Loteamento, sendo que os nomes aqui propostos foram escolhidos em consonância com os mesmos. A seguir apresentamos uma pequena biografia de cada pessoa a ser homenageada pelo nosso Projeto de Lei.
I- Alfredo Antônio Trespach, nascido em Maquiné neste Município em 07 de setembro de 1901 e falecido em 21 de setembro de 1947, casado com a Senhora Olinda Schumacher Trespach, pai de três filhos: Alida Lindolfina, Arlindo Valter e José Antonio, agricultor. É uma homenagem do loteador e dos moradores ao patrono da família Trespach.
II- Josué Guimarães […] III- Érico Veríssimo […] IV- Viana Moog […] V- Simões Lopes Neto […] VI- Augusto Meyer […];.
Sala de Sessões, em 18 de março de 1991. [ass.] Ver. Teodoro Tomaz”.
A sanção de 26 de abril:
“Lei n.º 2.341 de 26/4/1991. Ciro Carlos Emerin Simoni, Prefeito Municipal de Osório.
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1.º – Passam a denominar-se de: Rua Alfredo Trespach, Josué Guimarães, Érico Veríssimo, Viana Moog, Simões Lopes Neto e Augusto Meyer, respectivamente as ruas 1 (um), 2 (dois), 3 (três), 4 (quatro), 5 (cinco) e 6 (seis), do Loteamento Panorâmico, nesta cidade.
Art. 2.º – Revogadas as disposições em contrário, esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Gabinete do Prefeito Municipal de Osório, 26 de abril de 1991.
[assinam] Ciro Carlos Emerim Simoni Prefeito; Fenelon Marimon da Cunha Secretário de administração; Lauro Diogo de Jesus Coordenador da unidade de Planejamento, respondendo pela Secretaria da Fazenda; Renato Alves de Medeiros Secretário de Obras e Saneamento; Nilza Maria Pires Pacheco secretária da Educação; Luiz Odacir Ramos de Souza Secretário de Cultura Desporto e Turismo e Denise Cristina Silveira Assessora Administrativa, respondendo pela Secretária da saúde, Meio Ambiente e Serviço Social”.
Em 3 de outubro de 2006, iniciaram as obras para o capeamento asfáltico da rua que foi finalizada em 11 de novembro do mesmo ano, sendo inaugurada oficialmente pelo governador do Estado Germano Rigotto às 13:30 h do dia 16 de dezembro. A rua Alfredo Trespach, mais a Rua Cidreira, Eliseu Mesquita e Tolentino G. Correia num total de 2.240 metros, foram orçadas em R$ 496.821,48, segundo informações da Metroplan, a empresa responsável pelo empreendimento.
Fonte: Adaptado de TRESPACH, Rodrigo. Passageiros no Kranich. Porto Alegre: Alcance, 2007, p.236 e 237.
Olá Rodrigo!
Fico feliz em contribuir através do livro “Ruas da Cidade” , inspirando e subsidiando pesquisa sobre tua família: Trespach.
Parabéns por mais este trabalho , que vem participar deste colcha de retalhos históricos-culturais da qual nós historiadores costuramos ao longo dos anos.
Obrigado Célia!
Obrigado Felipe!
Meu amigo e colega. Rodrigo Trespach. Em cada trabalho teu encontro a ânsia ( que todo o pesquisador tem, com certeza) de deixar para os futuros leitores, a história correta, sem artimanhas e subterfúgios. Teus livros- ainda não li todos- sempre fazem com que a história de nossos desbravadores e pioneiros seja a marca da persistência e trabalho do povo gaúcho, dos nascidos e acolhidos nessas terras. Parabéns!
Tenho orgulho de ter conhecido o Sr. seu avô! Lembro de quando criança sempre na época do, João bolão, eu estava na árvore da esquina, aquela árvore enorme e de galhos fartos de fruto, eu com as mãos e boca rouxa de tanto comer a fruta. Também lembro do seu avó, sempre uma pessoa muito querida por todos, sentado na frente da casa me explicando sobre as abelhas que ele tinha na área e que produziaum mel muito bom.
Bons tempos que ficam na lembrança!
Belo trabalho, Rodrigo!
Abraços
Prezado Rodrigo:
Tenho orgulho de ser tua colega na AELN. Teu trabalho de pesquisa, documentação e divulgação é exemplar. É admirável.
Parabéns!
Um abraço
Leda
Parabéns Rodrigo, teu trabalho é maravilhoso.
Parabéns! Fico muito orgulhosa e feliz quando vejo concretizado a história da nossa família, tive inspiração de conecê-la na infância em Minas, e hoje através de seu trabalho me sinto realizada.
Caríssimo Rodrigo e Leitores:
Maravilha… Tudo que pode-se deixa escrito, sobre qualquer tema, algum dia pode ser lido por alguém, e em especial este teu material é de extrema valia, sobre tudo pela amplitude: Maquiné; nomes próprios de tua árvores genealógica, frisar o profícou Vereador e meu amigo Teodoro Thomaz; Ciro Cimoni e quando te referes ao valor investido na pavimentação asfática me deixa ate emocionado.
Explico: Quando do Governo Alceu Collares e João Gilberto Lucas Coelho, meu companheiro, que era seu vice. Certo tempo estava delineado que Collares, concorreria ao Senado da República, e assim João Gilberto assumiria o Governo do Estado. Tudo encaminhado.. Reuniões de articulação para governar os últimos 10 meses do mandato.
Assim ficou definido que nosso nome iria assumir uma secretaria do Estado. E como seria a Secretaria de Planejamento Territorial e Obras, onde estava vinculada a Metroplan, a que te referisates, e como desejava-mos executar alguns feitos no nosso Litoral, solicitamos ao Secretário da Adminstração a expanção da Região Metropolotana atingindo o Litoral.
A verdade é que ficou só no papel, porque em vistas a denúncias insufladas pelo Partido dos Trabalhadores contra o Governo Collares, (10%ETC), Collares decidiu não sair para concorrer e tudo ficou como dantes no qualtel do Abrantes.
Mas agora vejo escrito, que aquela minha atitude foi benéfica também para investir na infraestrutura de Osório, e em especial no Loteamento Panorâmico, assim como em inúmeras outras obras em outros municípios, algumas delas sugeridas ao Secretário do Estado Alceu Moreira, no Governo Rigotto. Aqui em Capão da Canoa, o asfaltamento da Av. Osmani Veras; em Xangri-lá na ligação até Rainha do Mar. Até outra …..
Belíssima garimpagem Rodrigo. A matéria ficou excelente. Adorei!
Muito interessante a matéria Rodrigo … Garimpaste maravilhosamente … e estás bem lindinho na foto. Gostei de ver … Bjs,
OI RODRIGO,
ÉS UM EXCELENTE PESQUISADOR E FUTURO HISTORIADOR, PARABÉNS. A HISTÓRIA DE TUA FAMÍLIA É PARTE DA HISTÓRIA DE OSÓRIO. NOSSOS ANTEPASSADOS SÃO A NOSSA HISTÓRIA. E DA MESMA FORMA QUE A VALORIZAS, TRANSMITES VALORES A TEUS FILHOS E FUTUROS NETOS. É CEDO AINDA MAS, CERTAMENTE, LEMBRARÃO DE SEUS ANCESTRAIS , COMO FAZES AGORA. UM ABRAÇO DA PROFA MARIZA
Oi Rodrigo,
que trabalho de pesquisa maravilhoso!!
Parabéns!!