A vida privada de Stálin

AVidaPrivadaDeStalin

Iosif Vissarionovitch Djugachvil, depois conhecido simplesmente por Stálin, foi provavelmente o maior tirano do século XX. Alguns historiadores modernos estimam que mais de 8 milhões de pessoas tenham morrido durante o governo de Stálin. O genocídio na Ucrânia chegou a 3,5 milhões de pessoas, a grande maioria morta pela fome.

Apesar disso, ao contrário das vidas de outros líderes mundiais durante a Segunda Guerra Mundial, como Churchill, Roosevelt e até mesmo a do próprio Hitler, tido como um dos maiores ditadores da história moderna, a vida de Stálin é pouco conhecida, especialmente sua vida privada. É sob essa ótica, a da intimidade do “homem de aço”, que a pesquisadora francesa Lilly Marcou escreveu A vida privada de Stálin (Zahar, 2013).

Com doutorado em História pela Universidade de Paris IV, Sorbonne, especialista em comunismo e no período stalinista, Lilly Marcou dirigiu um grupo de estudos sobre o movimento comunista internacional da Fondation Nationale des Sciences Politiques e lecionou no Institut d’Études Politiques de Paris. A vida provada de Stálin é o resultado de três décadas de pesquisa, extensa investigação nos arquivos secretos abertos após o esfacelamento da União Soviética e entrevistas com familiares e pessoas próximas a Stálin que sobreviveram aos expurgos.

Afinal, quem era Stálin, ou o que era Stálin, já que a existência do partido – herança de Lênin – e da própria União Soviética se fundiam com o próprio nome do ditador? Quem foi o líder carismático e o governante implacável que eliminou seus oponentes um por um até atingir o controle absoluto no antigo império do czares? O que elementos de sua vida íntima, correspondências com suas mulheres, com a mãe e com seus colaboradores mais próximos, podem auxiliar na compreensão do período stalinista e nas decisões de Estado?

A própria Marcou escreveu sobre a complexidade da abordagem proposta pelo livro: “Não ignoro que tentar captar a personalidade do homem Stálin, a partir de arquivos inéditos e conversas com os sobreviventes da linhagem familiar e do círculo mais íntimo, poderá parecer obsceno aos olhos de alguns”.

Não é fácil entender Stálin como não é fácil entender Hitler ou Nero. Mas no caso do primeiro, o enorme material que agora vem a tona aumenta as chances do historiador de se aproximar do homem de carne e osso, longe do mito criado pelo povo russo e por seus aliados e das ideias fabricadas pelo próprio Stálin durante o seu governo. É a tentativa, talvez vã, de entender a mente de um dos homens mais cruéis do século 20.

“Cumpre mostrar-se impiedoso para liquidar esses infelizes aventureiros”, ordenou Stálin após uma tentativa de assassinato contra Lênin durante a revolução. É o Stálin conhecido, o homem que não poupou os parentes da esposa e nem os seus próprios do banho de sangue que se instaurou na Rússia, durante a década de 1930.

A vida privada de Stálin foi de uma complexidade ímpar, mas Marcou soube traçar o perfil do “homem de aço”, sem cair nos preconceitos históricos ou deixar-se levar pelos “ignóbeis segredinhos”. Em fim, A vida privada de Stálin apresenta novos fatos sobre o ditador, ilumina aspectos omitidos e esclarece controvérsias, buscando compreender as contradições e os paradoxos do líder comunista.

Por Rodrigo Trespach

Para comprar ou saber mais sobre o livro, acesse Zahar.

Curta e compartilhe com amigos e interessados. Obrigado!