Charlote – Sonhos, tristezas e um a história de amor em dois continentes

Charlote

A imigração alemã foi tema na obra de grandes escritores gaúchos. Foi retratada por Viana Moog, em Um rio imita o Reno (1938), por Josué de Guimarães, em A ferro e fogo (1972 e 1975), por Assis Brasil, em Videiras de cristal (1990), e até mesmo, en passant, por Erico Verissimo, em O tempo e o vento (1949-1961).

Mas depois da década de 1980, poucas foram as obras literárias que retrataram a imigração alemã. O tema permaneceu atraindo historiadores e genealogistas, mas deixou de despertar interesse em romancistas. Agora, o advogado, jornalista e professor de literatura Mildo Fenner somou-se àqueles que retratam a imigração com os olhos e a pena do poeta.

O gaúcho de Cachoeira do Sul publicou Charlote – sonhos, tristezas e uma história de amor em dois continentes (Oikos, 2014), uma narrativa romanceada – ainda que baseada em fatos históricos e personagens reais – sobre a imigração de pomeranos para a região central do Rio Grande do Sul.

Através da história pessoal de Charlote, nascida em Hundskopf, na Pomerânia, hoje Psie Głowy, na Polônia, Fenner reconstrói a história da própria família e a dos primeiros colonos pomeranos na colônia de Santo Ângelo (hoje Agudo). Da viagem de trem até o porto de Hamburgo, na Alemanha, passando pela viagem transatlântica – e a morte da filha Sofia -, a chegada ao Brasil em 1857, a viagem até Cachoeira do Sul, a viagem em carroças até às margens do Rio Jacuí e a vida nova no começo do ano de 1858.

Em Charlote , o personagem principal de Fenner é feminino e não masculino, como seria de se esperar dentro da lógica machista e patriarcal do século XIX. Por isso, Charlote é uma narrativa interessante, aborda um lado do processo histórico pouco explorado, o das mulheres, que invariavelmente eram relegadas a um plano secundário.

O dilema da família de Charlote era o mesmo de muitas famílias europeias do século XIX, continuar vivendo, ainda que com dificuldades, em sua terra natal, ou aventurar-se em busca de oportunidades em um continente longínquo e estranho?

Como ela, o esposo Leon e os 5 filhos decidiram, assim como muitos na época, enfrentar as dificuldades e a oportunidade que o destino lhes oferecia, Fenner usa a história de um núcleo familiar para contar como era a vida em uma colônia de imigrantes, suas expectativas, alegrias, decepções, medos e conquistas.

Por Rodrigo Trespach

Para comprar ou saber mais sobre o livro, acesse o site da editora Oikos. Ou contate o autor através do e-mail mildofenner@hotmail.com

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