Educação ruim e alienação cultural

Os avanços científicos e tecnológicos dos séculos XX e XXI trouxeram mudanças radicais nos sistemas de educação e informação do agora “mundo globalizado”. Os chamados meios de comunicação de massa – rádio, TV, computadores e jornais e revistas virtuais – criaram um modo de saber industrializado, um “produto pronto”, como meio de entretenimento.

O sistema não prima pelo desenvolvimento do saber crítico, mas pelo que está de acordo com o que a máquina capitalista apregoa pelos meios da indústria cultural: o celular, o corte de cabelo, a cor e a roupa da moda, o que veste, bebe ou lê fulano de tal.

A maioria da população não tem acesso à formação cultural propriamente dita, mas ao que alguns pensadores chamam de “semi-informação”. O saber de tudo um pouco e ser/estar alienado do todo, algo como ler o Manifesto Comunista e tentar compreender Marx e Engels ou acessar o Wikipédia e achar que seus problemas de informação estão acabados.

A teoria diz que o sistema educacional seria capaz de transformar esse sistema consumista – modista e de alienação cultural– se um país democraticamente constituído primasse, como reza a constituição no Brasil, por exemplo, de um sistema educacional público e de qualidade. A escola poderia ser (é!) o fator decisivo para a reviravolta, a revolução cultural – não associem à Mao, contra a alienação cultural e falta de senso crítico.

Mesmo vivendo em um sistema democrático, a própria falta de um sistema educacional totalmente público e de qualidade não permite ao alienado – esse produto de uma sociedade “leitora de títulos”, que aprecia, capta e reproduz o título da matéria do jornal em detrimento do corpo do texto e da leitura crítica –  a conscientização do status quo. Os ensinos primário e médio estão longe de suprimir as necessidades mais elementares da educação. O ensino superior, em muitos casos, é de nível médio, não mais do que o necessário para garantir um cargo público.

O próprio sistema político é o interessado na manutenção da formação do “semi-informado”, gerado pela falta de educação de qualidade e necessário aos apelos do grande capital empregado na mídia pelas empresas multinacionais; que são na maioria das vezes as financiadoras do agente governante, e da ideologia em voga, que apesar de se sustentar sob a capa da democracia e da “liberdade de pensamento e expressão”, é ainda em demasia, partidária, demagoga e revanchista.

Cabe(ria) ao educador e aos pais, portanto, a tarefa de estimular e formar uma consciência crítica no aluno e nos filhos, para que essa consciência seja aprimorada e levada adiante, na família e no seu meio social.

Mas quem está interessado nisso, se o meu salário compra tudo o que posso e vejo na mídia, que função nesse meio alienado tem o conhecimento e a elevação cultural? Por que preciso compreender o processo de desenvolvimento histórico da humanidade se o que necessito para viver é o número de dígitos que compõe minha conta bancária, o que se passa no Facebook ou no WhatsApp?

Por Rodrigo Trespach

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