Malditas Fronteiras

O escritor mineiro João Batista Melo trabalha em Malditas Fronteiras com o preconceito e o radicalismo que atingiu a Europa e o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.

Não foi por menos que o livro Malditas Fronteiras (Benvirá, 2014), romance do escritor João Batista Melo , foi o vencedor do Prêmio Nacional Cidade de Belo Horizonte em 2013. É em meio às tensões políticas que o Brasil vivia durante a Segunda Guerra Mundial que Melo recria, magistralmente, personagens, cenas e fatos em uma leitura precisa da sociedade brasileira da época.

Através da história de Valentino e Sophie, duas crianças que vivem na capital mineira, Melo desenvolve a trama do livro e o retrato de uma época marcada pelo preconceito, discriminação, a intolerância e o radicalismo.

A bela e enigmática Sophie é uma menina cega, neta de um imigrante alemão, o idoso mestre cervejeiro Konrad Petersen, que chegou a Belo Horizonte depois da Primeira Guerra para montar a Cervejaria Alemã. Valentino Evangelista, vizinho e amigo de Sophie, é um garoto brasileiro cujo pai é um oleiro xenófobo e nacionalista que escreve artigos para um jornal, pregando a entrada do Brasil na guerra contra a Alemanha.

Usando diálogos entre personagens de formações e culturas diferentes – ou semelhantes, como no caso entre o padre alemão Wolfgang e o cervejeiro Konrad, entre outros – Melo apresenta como o Brasil, mesmo estando longe do teatro da guerra, também passava por situações de conflito ideológico durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Como exemplo de intolerância e preconceito, Melo usa os dois personagens principais, Sophie e Valentino, que adora o avô da menina, mas é proibido pelo ai de visitar a família alemã por considerar que os alemães são nocivos ao Brasil.

Malditas Fronteiras retrata ainda a dificuldade vivida pelas pessoas que deixavam a Alemanha e a Europa em busca de um refúgio na América, caso da escritora alemã Erika Rosenthal, que chega ao Brasil com um filho pequeno, Hans, e viúva do marido, assassinado por nazistas. Como pano de fundo, retrata a vida de alemães e descendentes em muitas cidades do país, como Belo Horizonte e Blumenau, e o cotidiano da produção de cerveja na fábrica dos Petersen.

Dono de uma narrativa quase poética, João Batista Melo revive na literatura brasileira a presença da cultura alemã, tema presente na obra de grandes escritores nacionais como Viana Moog, Josué de Guimarães e Assis Brasil.

Por Rodrigo Trespach

Você pode comprar ou saber mais saber a obra no site da Benvirá
Ou no site do autor www.joaobatistamelo.com

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