Judeus contra Hitler

Judeus contra Hitler

O historiador norte-americano Benjamin Ginsberg destrói o mito de que os judeus foram agentes passivos perante o nazismo e o Holocausto e conta como jornalistas, escritores, pensadores, engenheiros e projetistas judeus ajudaram a derrotar Hitler e a Alemanha Nazista.

Se para Bernard Wasserstein – autor de Na Iminência do Extermínio – no período entre guerras disputas políticas, ideológicas e de classe tornaram os judeus incapazes de se organizar e de lutar internacionalmente por seus irmãos de fé e cultura, o historiador e cientista político Benjamin Ginsberg apresenta em Judeus Contra Hitler (Cultrix, 2014) o outro lado da História: o de jornalistas, escritores, pensadores, engenheiros e projetistas judeus que, individual ou em pequenos grupos, ajudaram a derrotar o nazismo e Hitler.

Doutor pela Universidade de Chicago, Ginsberg é professor de Ciências Políticas e Presidente do Centro de Estudos Governamentais Avançados da Universidade John Hopkins, além de autor de diversos trabalhos sobre o povo judeu. E para Ginsberg os judeus não foram cordeiros mansos contra o lobo nazista, como a historiografia costuma apresentar.

No decorrer da Segunda Guerra, os judeus comandaram aproximadamente 130 regimentos soviéticos, nove generais judeus comandaram exércitos, 12 comandaram corpos de exército, 23 foram chefes do Estado-maior de grupos de exército e 34 comandaram divisões do Exército Vermelho, o exército que derrotou Hitler na Rússia e perseguiu a Wehrmacht até Berlim.

Entre os vários projetistas do tanque russo T-34, o mais poderoso carro blindado da guerra, estavam judeus como Yaakov Vikhman e Yaakov Nevyazhesky; o engenheiro chefe era Isaac Zalzman, filho de um alfaiate judeu.

Na aeronáutica da URSS, Semyon Lavochkin foi o projetista do La-5 e diversos engenheiros judeus ajudaram no projeto do Il-2.  Ainda é preciso lembrar que Leon Trótski, o criador do Exército Vermelho, era judeu, assim como Lev Kamanev e Grigori Zinoniev, importantes líderes do partido comunista.

Mas não só judeus soviéticos participaram ativamente da luta contra o nazismo. Segundo Ginsberg, 15% dos cargos de alto nível nomeados por Roosevelt eram judeus – em uma época em que os judeus mal passavam de 3% da população dos Estados Unidos.

O New Deal (Novo Acordo) de Roosevelt – uma série de programas realizados para a recuperação econômica norte-americana na década de 1930 – foi chamado por muitos de “Jew Deal” (Acordo Judeu). E na verdade, o termo foi mesmo cunhado por um dos assistentes judeus do presidente, Samuel Rosemann.

O OSS, a Agência de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos, também contou com diversos judeus e o projeto atômico norte-americano, que resultou nas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, surgiu depois da carta de vários cientistas judeus ao presidente Roosevelt.

Pelo lado britânico, os judeus foram ativos na inteligência. Eles trabalharam em Bletchley Park e no SOE, o Serviço Secreto Britânico. Os judeus compunham ainda 25% da resistência francesa – os partisans. E eles não foram os únicos, grupos partisans judeus atuaram na Bélgica, na Grécia, Polônia e na URSS. 

Depois de todos os números e considerações que Ginsberg apresenta em Judeus Contra Hitler, parece inquestionável que, mesmo não fazendo parte de um grupo de oposição organizada a Alemanha Nazista, é inegável que os judeus deram sua contribuição na luta contra o regime que era sustentado essencialmente por uma ideologia antissemita.

Como Ginsberg declarou, em vez de procurar resistência armada entre civis judeus desarmados é preciso procurar resistência judaica onde era possível resistir: eles resistiram em áreas importantes como a política, a inteligência e a espionagem.

Por Rodrigo Trespach

Compre o livro, ou saiba mais sobre a obra no site da Cultrix.

Curta e compartilhe com amigos e interessados. Obrigado!