Seis meses em 1945

Seis meses em 1945

Em fevereiro de 1945, os líderes Aliados reuniram-se na Crimeia com o intuito de delinear o futuro da Europa e do Mundo pós-guerra. Seis meses depois, outra conferência, desta vez na Alemanha, decretaria o destino das nações em um mundo agora dividido entre capitalismo e comunismo.

Em fevereiro de 1945, os líderes Aliados reuniram-se em Yalta, na Crimeia, com o intuito de delinear o futuro da Europa e do Mundo pós-guerra. Seis meses depois, com o Terceiro Reich de Hitler derrotado e os Estados Unidos prestes a lançar a primeira bomba atômica da História, outra conferência, desta vez em Potsdam, na Alemanha, decretaria o destino das nações em mundo agora dividido entre capitalismo e comunismo.

Em Seis meses em 1945: Roosevelt, Stálin, Churchill e Truman da Segunda Guerra à Guerra Fria (Companhia das Letras, 2015), o historiador britânico Michael Dobbs recria a atmosfera tensa de um delicado e complexo jogo político, entre a conferência de Yalta e o ataque nuclear sobre Hiroshima e Nagasaki.

Nascido na Irlanda do Norte, Michael Dobbs – que não deve ser confundido com o homônimo autor da novela House of Cards, adaptada para uma série de TV – estudou jornalismo e história nas universidades de YorkPrinceton e Harvard. Como correspondente internacional, atuou para a Reuters em Roma, mas foi no Washington Post que ele passou a maior parte da carreira, cobrindo o colapso do comunismo no Leste Europeu na década de 1980.

A ideia de que a conferência de Yalta representaria o fim do sistema de ação unilateral, das alianças exclusivas, esferas de influência e todos os outros caminhos que haviam sido tentados durantes séculos sem que jamais tivessem dado certo, não passou de utopia e propaganda Aliada.

Depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Aliados dividiram a Alemanha em duas, “Alemanhas” que passaram a representar a divisão do mundo entre as novas potências imperialistas: Estados Unidos e Rússia (URSS). Logo elas entrariam em um estado de guerra não declarado, chamado de “Guerra Fria”.

A Alemanha se tornara um país retalhado em áreas de influência. Mas não só a Alemanha. Com Roosevelt morto em abril e como Harry Truman, seu sucessor, tinha pouca experiência internacional, possivelmente apenas Churchill conseguiu antever com clareza o que ocorreria na Europa. “Uma cortina de ferro” desceu sobre o front, escreveu ele ao presidente americano quatro dias depois do colapso nazista, em maio.

No discurso da vitória, a velha raposa inglesa falou sobre sua preocupação de que “os simples e honrados propósitos que nos levaram a guerra” corriam o risco de ser “deixados de lado”, palavras como “liberdade, democracia e independência” estavam sendo despidas de seu verdadeiro significado.

Churchill sentiu-se perdido e abandonado em seu momento de triunfo. Compreendeu que não tinha mais o poder de moldar os acontecimentos por pura força de vontade.

A conferência em Potsdam, próximo a Berlim, não alterou a situação das relações americanas com os soviéticos, pelo contrário, acirrou as diferenças. Nem com os britânicos. Churchill fora derrotado nas eleições inglesas e agora Clement Attlee ocupava o cargo de primeiro-ministro. Não havia dúvidas, Stálin e a URSS eram os novos senhores da Europa.

Nas quatro décadas seguintes, Estados Unidos e URSS lutariam pela hegemonia mundial. Seis meses em 1945 é uma narrativa ímpar sobre como decisões tomadas durante os seis meses finais da Segunda Guerra criaram a Guerra Fria e moldaram o mundo moderno.

Por Rodrigo Trespach

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