Alguns amigos têm postado nas mídias sociais a lista dos 10 livros mais vendidos no Brasil em 2015. Com a mania comum aos historiadores, fui atrás de mais informações, checar as fontes, pesquisar. Há várias listas. Muitas não informam sequer o método usado para o ranqueamento.
Mas vamos lá, com algumas discrepâncias, quase todas apontam para uma conclusão óbvia: o Brasil é um país doente. Nada melhor para entender o estado político-moral que vivemos do que saber o que o brasileiro procura como alicerce de conhecimento.
Vou usar aqui a lista da Publishnews, em quem confio mais, até porque usou números – http://migre.me/sx7Ta:
1. Jardim secreto (Johanna Basford)
2. Floresta encantada (Johanna Basford)
3. Philia (Padre Marcelo)
4. Nada a perder (Edir Macedo)
5. Muito mais que 5inco minutos (Kéfera Buchmann)
6. Ansiedade: Como enfrentar o mal do século (Augusto Cury)
7. Grey (E. L. James)
8. O pequeno príncipe (Antoine Saint-Exupéry)
9. Eu fico loko (Christian Figueiredo de Caldas)
10. Não se apega, não (Isabela Freitas)
Os dois primeiros são “livros” de desenhar. Nada menos do que 1 milhão e 200 mil exemplares vendidos. Basford fez Da Vinci corar de vergonha.
Livros de autoajuda, depressão, ansiedade, biografias de pessoas de reputação duvidosa – a obra genial de Andressa Urach vendeu quase 100 mil exemplares – , livros que ensinam a cozinhar, ter fé e amar. Edir Macedo vendeu mais de 300 mil livros.
O único digno de nota foi a obra do imortal Saint-Exupéry. Uma estrela no universo da mediocridade.
Se irmos mais adiante, entre os 20 livros, nenhum sobre a história do país ou política – o que seria de esperar de um povo que vive nas mídias sociais a falar sobre a história do Brasil e seu desenrolar político como se fossem doutores no assunto.
Bauman, mais uma vez, sempre ele, “sociedade líquida”. Se fosse parafrasear Hobsbawm, diria que vivemos a “Era dos Idiotas”.
Por Rodrigo Trespach