Antes do Photoshop

A história da fotografia é muito antiga. Já na Antiguidade, os gregos conheciam a “câmara escura”, que consistia num quarto escuro com um pequeno buraco que projetava uma imagem externa na parede interna. Ao longo dos séculos, químicos, físicos e até professores de medicina – como o alemão Johann Henrich Schulze, que descobriu a influência da luz no nitrato de prata – contribuíram no desenvolvimento do que viria a ser, no século 19, a fotografia como era conhecida até pouco tempo.

Coube a Joseph Nicéphore Niépce a primazia de fixar uma imagem, após oito horas de exposição, em uma chapa metálica. O ano era 1826, e a fotografia, a mais antiga conhecida e ainda conservada, mostrava a imagem vista da janela do quarto do francês. Mas foi Louis Jacques Mandé Daguerre, colega de Niépce na pesquisa, quem registrou o que se chamou de daguerreótipo, nome dado ao primeiro processo fotográfico, patenteado em 1835.

Nas décadas seguintes, a fotografia se popularizou, principalmente por meio da companhia norte-americana Kodak – cujo fundador, George Eastman, tinha como objetivo tornar a fotografia acessível a todos. Em 1888, ele criou a primeira câmara portátil e de fácil manuseio. Durante muito tempo o lema da companhia era “Você aperta um botão, nós fazemos o resto”.

Yashica

Pouco mais de cem anos depois, a fotografia entrou no período de sua maior transformação desde Niépce e Daguerre, a era da fotografia digital. A nova tecnologia – que aboliu o filme e, por tabela, os processos químicos de revelação da imagem – apareceu na virada do segundo milênio. A partir daí, a fotografia ganhou um novo parceiro, o computador. E, com ele, o mais conhecido programa de edição de imagens, o Photoshop, lançado em 1990.

Antes do Photoshop, a manipulação de imagens e arquivos fotográficos podia levar horas, até mesmo dias. Montagens de fotos eram processos complicados e exigiam técnica e paciência. Hoje, o fotógrafo pode corrigir problemas, eliminar da imagem objetos ou pessoas indesejados com a facilidade e a rapidez de um clique. A popularização dos editores de imagens permitiu que a imagem pudesse ser alterada por qualquer pessoa com conhecimento básico de informática. O estreito vínculo da fotografia com o real – uma virtude sempre enfatizada, especialmente no fotojornalismo – tornou-se um conceito cada vez mais relativo.

Arlindo Valter Trespach em fotomontagem de Ildo Trespach. Arquivo Foto Arte Trespach

A montagem que aparece ai acima foi realizada com um filme 120 (6×6) de uma Yashica (a máquina que aparece cima), na década de 1970. Essa máquina permitia que o fotograma do negativo não fosse passado em frente após a exposição, podendo se fazer mais de uma imagem no mesmo fotograma. Mas para criar a “montagem” era preciso ter paciência e fazer várias tentativas até que se conseguisse um resultado positivo, já que poderia haver sobreposições de imagens e alterações devido a incidência de luz.

O autor da fotomontagem é meu pai, hoje fotógrafo aposentado, Ildo Trespach; na foto meu tio-avô Arlindo Trespach, falecido em 2000. A foto faz parte do acervo da Foto Arte Trespach, em Osório.

Por Rodrigo Trespach
Publicado Zero Hora, Almanaque Gaúcho, de 23.11.2012.

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