O Pai Nosso do Pastor Voges (1801-1893)

karl-leopold-voges

Karl Leopold Voges, filho de Ferdinand Voges e Anastácia Hammerstein, nasceu em 1801 em Friedberg bei Hildesheim, no Reino de Hanover. O Pastor Voges veio para o Brasil no transatlântico Georg Friedrich, partindo de Hamburgo em 27 de junho de 1824 e chegando ao Brasil em 11 de outubro do mesmo ano. Ele era o terceiro pastor protestante chegado ao Brasil e o segundo no Rio Grande do Sul.

Depois de ter desembarcado no Rio de Janeiro, veio ao Rio Grande do Sul no Flor de Porto Alegre, em janeiro de 1825. O bergantim em que navegava naufragou nos bancos de areia na Lagoa dos Patos, na altura de Mostardas. Voges chegou em São Leopoldo no dia 11 de fevereiro de 1825, tornando-se pastor adjunto de J. G. Ehlers ,ministrando e realizando os atos religiosos do lado direito do Rio dos Sinos (Hamburgo Velho, Dois Irmãos, Campo Bom e Ivoti), enquanto Ehlers ocupava-se na margem esquerda do rio (Feitoria Velha e São Leopoldo).

Em 1826, o Governo Imperial fundou uma colônia alemã próximo a Torres. Para lá foram remetidos de São Leopoldo mais 400 colonos. Voges, que ainda era solteiro, acompanhou esta caravana que lá chegou em novembro do mesmo ano. Além de Três Forquilhas, Voges mantinha sua atividade eclesiástica na região de Dois Irmãos, onde, inclusive se casou com Luísa Elisabetha Diefenthäler, em 24 de março de 1828. 

Para sua subsistência em Três Forquilhas Voges recebeu duas colônias de terras, onde construiu sua residência, a igreja, a escola e uma casa de comércio, motivo de inúmeras e duras críticas de seus contemporâneos e sucessores, por negligência na pregação e em suas anotações. Schröder chegou a escrever que Voges “atendia seus fiéis com cachaça e outros produtos”.  Hunsche o chamou de o “maior vendeiro, industrial e capitalista da zona”.  

Voges faleceu em Três Forquilhas em 1893, após 65 anos de atividade eclesiástica.

Casa Karl Leopold Voges

Conforme anotações do Pastor Elio E. Müller (1944-2016), Karl Leopold Voges (1801-1893) escreveu da seguinte forma o Pai Nosso:

Unser vater ynn dem hymel.
Deyn name sey heylig.
Deyn reych kome.
Deyn wille geschehe auff erden
Wie ynn dem hymele.

Unser teglich brott gib unns heutt,
Und vergib uns unsere schulde,
Wie wyr unsernn schuldigern vergeben,

Und fure uns nitt ynn versuchung,
Sondern erlose uns von dem ubel,

Denn deyn ist das reych,
Und die krafft, Und die herlickeyt
Inewickeyt.
Amen

Compare com o Pai Nosso no dialeto Kinz-Grenn, falado no Kinzig-Gründau, Hessen:

Voadder uuser em Himmel,
Geheilischt wer dein Nome.
Dein Reich kmme.
Dein Welle gechehe,
wäi em Himme suu aach uff Ääre.

Uuser dääschlisch Bruut gäb uus heut.
On vegäb uus uuser Schold,
wäi aach mir vegäwwe
uusern Schuldischern.

On fiehr uus näit en Vesouchung,
sonnern erlies uus vo dem Biese.

Doann dein es doas Reich on
die Kraft on die Herrlischkeit
en Ewisckeit.
Amen

E o Pai Nosso em alemão (Hochdeutsch):

Vater unser im Himmel,
Geheiligt werde dein Name.
Dein Reich komme.
Dein Wille geschehe,
wie im Himmel so auf Erden.

Unser tägliches Brot gib uns heute.
Und vergib uns unsere Schuld,
wie auch wir vergeben unsern Schuldigern,

Und führe uns nicht in Versuchung,
sondern erlöse uns von dem Bösen.

Denn dein ist das Reich
und die Kraft und die Herrlichkeit in Ewigkeit. 

Amen.

Informações extraídas de forma reduzida de:
Rodrigo Trespach, Passageiros no Kranich (Porto Alegre: Editora Alcance, 2007, p.29, 93 e 242) e O Lavrador e o Sapateiro (Porto Alegre: EdiPUCRS, p.45 e 46).

Curta e compartilhe com amigos e interessados. Obrigado!