Breve história da Usina Santa Marta (1928)

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As primeiras plantações de cana-de-açúcar na região litorânea do estado iniciaram por volta de 1778 nas proximidades do município de Conceição do Arroio (hoje Osório), na Pinguela. 

Em documento de Joaquim Lima para o brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, em 9 de dezembro de 1790, consta

“Diz Domingos Fernandes Lima, morador nesta Freguesia de N.ª S.ª da Conceição do Arroio, que elle se acha arranchado na Paraje chamada Pinguela em sessenta braças de terras que lhe serve de divisa o Rio da dita Pinguela da parte do Sul e da do Norte Terras de Domingos Correa de Andrade fazem frente para Alagoa do Morro Alto aonde trabalha a mais de doze annos com Escravos e Engenho de mandioca e Aguardente e de presente quer por fabrica por de assucar cujas Terras lhe foram destinadas pelo capitão João Antunes Pinto por ordem do Senhor Governador José Marcelino de Figueredo e como supplicante não tenha mais clareza da dita data pede a V.ª S.ª seja servido confirmar a dita data para que lhe sirva de título da Posse dellas e receberá Mercê”.

As terras foram, de fato, concedidas em 1813 para Antônio Rodrigues de Souza Oliveira Salazar, com quem a viúva de Domingos Fernandes casara.

Exato século e meio depois, em 12 de fevereiro de 1928, inaugurava-se no mesmo local, na Pinguela, com a presença do presidente do Estado Getúlio Vargas e de Borges de Medeiros, a Usina Santa Marta, que produziu o primeiro açúcar branco do Rio Grande do Sul. É certo que já existia ali uma destilaria, instalada por João Issler na década final do século 19, entretanto a usina foi o primeiro estabelecimento industrial de produção de açúcar gaúcho.

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A iniciativa de aproveitar a destilaria da Pinguela deveu-se a Abraão Pereira de Souza, de Osório. Ele comprara a destilaria da Bromberg & Cia., de Porto Alegre, associando-se a Bernardo Dreher & Cia., também proprietário da empresa de navegação lacustre, responsável por transportar o açúcar, a cachaça e o álcool produzido na usina. A Santa Marta utilizava-se de equipamentos modernos vindos da Alemanha, fabricados pela Siemens, a Schuckert e a Borsig e chegou a produzir 60 mil sacos de açúcar cristal antes de fechar em 1938.

Por Rodrigo Trespach
Publicado Zero Hora, Túnel do Tempo, 16.08.2011.
Fotos do acervo do Arquivo Público Municipal Antônio Stenzel Filho, em Osório.

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