A História do Corpo Humano

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Professor de Harvard narra a evolução do corpo humano ao longo de milhões de anos; como foi seu passado, como é seu presente e como poderá ser seu futuro.

Professor de biologia evolutiva humana na Universidade Harvard, Daniel Lieberman conduz o leitor por uma fascinante viagem através da evolução humana e fornece as chaves para compreendermos melhor a adaptação de nosso corpo em relação às mudanças pelas quais nossa espécie vem passando: o surgimento do bipedalismo; a mudança para uma dieta não baseada em frutas; o advento da caça e da coleta; o desenvolvimento de um cérebro muito grande, com corpos maiores e capacidades únicas para cooperação e linguagem.

Conhecido por suas pesquisas sobre a cabeça humana e a evolução da corrida, o autor de A História do corpo humano: evolução, saúde, doença (Zahar, 2015) ganhou o apelido de “Professor Descalço”, devido a sua prática de correr descalços.

Lieberman dedica metade do livro de quase 500 páginas às reflexões sobre como chegamos até aqui e a outra parte para refletir sobre como estamos vivendo a era industrial e aonde isso vai nos levar. Para ele,  os avanços do mundo moderno estão criando um paradoxo. Se por um lado temos maior longevidade hoje, de outro estamos vivendo uma onda de doenças e males crônicos evitáveis sem precedentes – como obesidade, cânceres, diabetes, doenças cardíacas e renais e depressão, entre outras.

Uma das causas dos nossos males foi a “invenção” da agricultura, que se trouxe segurança aos grupamentos humanos, trouxe também o sedentarismo e a comida com baixa qualidade nutritiva.

“Os primeiros fazendeiros aumentaram a quantidade de alimento que podiam obter, mas  um custo. Os agricultores não só têm de trabalhar arduamente, mas o alimento que produzem é menos diversificado, menos nutritivo e menos certo do que aquilo que um caçador-coletor come”.

Segundo Lieberman, a segunda grande transformação ocorreu na a Revolução Industrial, criadora dos “produtores de comida” (que, segundo ele, não podem ser chamados de “agricultores”). Os avanços do século XIX permitiram o cultivo e a manufaturara de alimentos como o homem ansiava a milhares de anos: com muita gordura, amido, açúcar e sal. O resultado é uma comida barata e altamente calórica. E com muitos prejuízos à saúde. Um americano médio de hoje consome até 45 quilos de açúcar/ano (só em refrigerantes são 150 litros) ! Algo inimaginável antes da década de 1970.

Para o pesquisador, “a comida industrial pode ser barata, mas sua produção tem um significativo impacto negativo sobre o ambiente e a saúde dos trabalhadores”. Para cada caloria ganha, foram gastas dez vezes mais calorias de combustível fóssil para plantar, fertilizar, colher, transportar e processar. Isso sem contar os prejuízos com a poluição da água e envenenamentos de trabalhadores e consumidores. Em suma

“A invenção da agricultura fez a provisão de alimentos humanos aumentar em quantidade e deteriorar em qualidade, mas a industrialização multiplicou esse efeito”.

Boa parte dos males causados pela indústria poderia estar numa característica humana desenvolvida há milhares de anos pelo bipedismo: a caminha ou atividade física regular. Se a Revolução Industrial modificou significativamente nosso modo alimentar, ela transformou também nossa atividade física. O advento da máquina e a da industrialização quase que reduziu a zero a atividade ou esforço humano. Um caçador-coletor caminhava até 15 quilômetros por dia em busca de alimento. Mesmo os humanos que praticam algum tipo de corrida ou caminhada não percorre essa distância. A média de um ser humano hoje que vive em uma cidade é de menos de meio quilômetro.

A História do corpo humano: evolução, saúde, doença é altamente recomendável. Não apenas para historiadores e antropólogos interessados na História da evolução humana, mas para todos os interessados e preocupados com o atual estágio de saúde da humanidade.

Por Rodrigo Trespach

Saiba mais sobre a obra, acesse o site da Zahar.

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