As crianças esquecidas de Hitler

Livro As crianças esquecidas de Hitler narra a trajetória de vida de criança raptada pelos nazistas na Eslovênia e levada à Alemanha para “germanização” durante a Segunda Guerra.

Lançamento da Editora Contexto, livro escrito por Ingrid von Oelhafen em parceria com o documentarista Tim Tate revela os horrores no programa nazista do Lebesnborn, que tinha como finalidade criar uma nova raça de super-homens arianos.

Ingrid von Oelhafen é o verdadeiro nome de Erika Matko, uma criança eslovena nascida em Rogaska Slatina e raptada aos 9 meses de idade pela SS de Heinrich Himmler, em agosto de 1942, e levada para a Alemanha para ser “germanizada”. Em As crianças esquecidas de Hitler, Von Oelhafen revela como foi sua vida com os pais adotivos, os interesses por trás do programa Lebensborn, literalmente “fonte de vida”, e como ela descobriu seu passado ocultado durante anos pelos novos pais alemães. 

Relatando todos os horrores da política racial de Himmler, que acreditava poder criar, através de seu programa, uma raça superior selecionando os melhores “espécimes” da Alemanha para reprodução – assim como aproveitar crianças com “características arianas” nos países ocupados por Hitler e os transformar em alemães que fariam parte de uma nova sociedade -, Von Oelhafen também descreve as dificuldades de reconstrução da identidade alemã no pós-guerra, a vergonha coletiva, as histórias traumáticas das milhares de crianças sequestradas e criadas nos Lebensborn, o não menos traumático retorno de algumas a seus antigos lares e a própria dificuldade em descobrir e conhecer suas raízes ocultadas pelo programa nazista.

Escrito em narrativa de suspense, Tate e Von Oelhafen, que é fisioterapeuta aposentada e vive em Osnabrück, na Alemanha, descrevem passo a passo a pesquisa realizado ao longo de 20 anos até que fosse possível desvendar o mistério que cercava a vida das família Von Oelhafen e Matko – por meio da abertura dos arquivos secretos da instituição nazista e testes de DNA. Todo o livro é permeado de indagações sobre identidade, existência, relações familiares e sangue – que os nazistas consideravam a pedra angular de sua política. Não é por menos que a autora dedicou o livro a todas “as vítimas da Alemanha nazista”, e “a quem, no mundo todo, sofre do mal persistente que ensina que uma raça, crença ou cor é superior a qualquer outra”.

Assim, embora narrando uma história passada há 75 anos, o livro ainda é atualíssimo, não apenas para compreender o passado, mas, principalmente, para que ele não se repita mais em um mundo às voltas com novas ondas de preconceitos e extremismos.

As crianças esquecidas de Hitler é leitura altamente recomendável tanto por esclarecer um lado até hoje obscuro da Segunda Guerra quanto por seu profundo apelo humanitário.

Por Rodrigo Trespach

Compre o livro ou saiba mais sobre a obra no site da Editora Contexto.

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