As primeiras vítimas de Hitler

Livro narra a história do promotor alemão que tentou elucidar o caso do assassinato de quatro prisioneiros judeus em Dachau; os primeiros do que mais tarde viria a ser o Holocausto.

Tendo como base os arquivos descobertos após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e utilizados durante os julgamentos de Nuremberg (1946), o historiador Timothy W. Ryback conta como quatro prisioneiros judeus do campo de concentração de Dachau, nos subúrbios de Munique, se tornaram as primeiras vítimas no recém-instaurado governo de Hitler. 

As primeiras vítimas de Hitler é um lançamento da Companhia das Letras, que do mesmo autor também já publicou A biblioteca esquecida de Hitler (2009).

Professor de história e literatura e com doutorado pela Universidade Harvard, Ryback é cofundador e codiretor do Institute for Historical Justice and Reconciliation, sediado em Haia, e colaborador de jornais e revistas como New York Times e New Yorker

Rudolf Benario, Ernst Goldmann e Arthur e Erwin Khan foram mortos a tiros em abril de 1933, menos de três meses após Hitler assumir a chancelaria da Alemanha e a SS ter assumido a direção do campo de Dachau. As investigações criminais foram realizadas pelo promotor de Munique Josef Hartinger, chamado pelos nazistas de Jüdling, “judeuzinho”, devido a seus sentimentos antinazistas. 

Dachau, instalado em uma antiga fábrica de armas da Primeira Guerra, era usado como prisão para comunistas e opositores no novo regime. Para os judeus, havia até um barracão especial, o número 2, que era conhecido como Judenbaracke, o “barracão judeu”. O primeiro comandante de Dachau foi o capitão da SS Hilmar Wäckerle, experiente administrador agrícola, com experiência em manejo de gado. Foi durante sua administração que os quatro jovens judeus foram assassinados. A pressão internacional contra torturas cometidas nos detentos, especialmente pelo guarda da SS Hans Steinbrenner, levaram Heinrich Himmler a substituir Wäckerle por Theodor Eicke, recém-saído de um hospital psiquiátrico e mais sádico e cruel do que seu antecessor.

As mortes de abril de 1933 e as que se seguiram levantaram as suspeitas de Josef Hartinger sobre o que ocorria em Dachau – logo transformado em “campo modelo” nazista e mais tarde o primeiro a receber caras de gás e fornos crematórios. Ele não conseguiu impedir que mais crimes fossem cometidos, mas tornou-se um dos primeiros opositores a documentar de forma sistemática o que os nazistas faziam nos campos de concentração. O resultado de seu corajoso trabalho é apresentado por Ryback em As primeiras vítimas de Hitler.

Por Rodrigo Trespach

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