Personagem mais popular da Inconfidência Mineira ganha nova biografia: Lucas Figueiredo descortina a vida de Tiradentes.
Joaquim José da Silva Xavier é uma figura ímpar na história brasileira. Por ser um idealista e também por ser um enigma. O que se conhece sobre ele tem como fonte principal os interrogatórios da conjuração – ou seja, a opinião de seus inimigos ou de amigos que queriam livrar a própria pele.
Conheço muito bem Tiradentes, pesquisei os onze volumes dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira para escrever sobre o alferes e os conjurados em Revoltas, golpes e revoluções no Brasil (2017). Por isso, sei bem os problemas enfrentados por Lucas Figueiredo. Ainda assim, com precariedades de fontes, em O Tiradentes: uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier (Companhia das Letras), o escritor mineiro conseguiu extrair o homem de dentro do mito.
Jornalista nascido em Belo Horizonte, Figueiredo já recebeu três prêmios Esso, dois Vladimir Herzog e um Jabuti. Atuou como repórter da Folha de S.Paulo e na rádio BBC de Londres. É autor de Morcegos negros e Ministério do silêncio, entre outros.
Figueiredo reconstitui a trajetória de Tiradentes, desde a infância na fazenda do Pombal, em Minas Gerais, até o patíbulo instalado no Campo de São Domingos, no Rio de Janeiro. Descreve de forma vívida o trabalho de Silva Xavier como mascate, como dragão da tropa portuguesa estacionada na colônia e como “dentista” – o ofício que lhe rendeu a alcunha. Em paralelo, o autor entrelaça personagens, acontecimentos e o ideal de liberdade que começara a circular em Minas Gerais e no Rio de Janeiro durante o século XVIII.
Uma leitura fascinante, digna de uma figura com o alferes, O Tiradentes é altamente recomendável.
Por Rodrigo Trespach
Saiba mais sobre o livro, acesse o site da Companhia das Letras.
