LiteraturaRS: Rodrigo Trespach e a história esquecida

Rodrigo Trespach e a história esquecida
17 de abril 2019 por LiteraturaRS

Talvez você não saiba, mas um dos maiores sucessos editoriais em anos recentes no Brasil foi escrito por um gaúcho nascido e residente em Osório, Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Autor da série Histórias não (ou mal) contadas e publicado pela Harper Collins Brasil, o historiador, pesquisador e genealogista Rodrigo Trespach tem atraído a atenção da imprensa nacional com seus recortes inovadores sobre episódios ou períodos da história mundial. O reconhecimento do público, ele atribui à predileção pela linguagem pouco acadêmica utilizada em suas obras:

— Minha experiência com publicações em periódicos nacionais me oportunizou construir, ao longo dos anos, uma narrativa menos técnica e mais atraente para um público que não está na universidade — explica o autor de artigos publicados em jornais e revistas como Zero Hora, National Geographic Brasil, História Viva, História da Biblioteca Nacional, Aventuras na História, BBC History Brasil, entre outros. A série Histórias não (ou mal) contadas é uma extensão de uma perspectiva que ele já mantinha com seus trabalhos anteriores, conforme explica:

— Todos os meus livros anteriores tratavam de temas pouco explorados em sala de aula ou minimizados pela grande mídia. Sempre me dediquei a pesquisar personagens marginalizados. A coleção apenas ampliou essa ideia, apresentando temáticas diversas em grandes eventos históricos.

Um exemplo disso é o livro dedicado à escravidão, que trata não apenas dos escravos do século XIX, mas os de hoje, que, segundo o autor, são mais de 40 milhões. Ou, ainda, o título sobre a Segunda Guerra, que trata da participação das mulheres e da perseguição a outros grupos minoritários, como os homossexuais e os ciganos.

Trespach não esconde a natureza desafiadora de contar a história que não é contemplada pelos currículos escolares, numa época de profunda distorção das informações — como aquela que sustenta o nazismo como um fenômeno da esquerda e de que não houve golpe militar em 1964 no Brasil, mas uma revolução:

— Não é de hoje que isso ocorre, que grupos se apropriam de discursos para consolidar sua posição. As duas sangrentas guerras civis no Rio Grande do Sul, a de 1835-45 e a de 1893-95, até hoje são chamadas de “Revoluções” e estavam bem longe do real significado do termo. Cabe ao historiador — ou ao professor de história, em sala de aula — contextualizar, lembrar o que muitos querem esquecer, apagar ou distorcer. Isso só irá cessar — ou diminuir, já que as disputas ideológicas que propiciam essas distorções são perenes — quando tivermos educação de qualidade e uma população com melhor conhecimento de sua história, leitora e capaz de analisar as informações que recebe, de quem recebe e o por que as recebe de determinada forma. Creio que ainda teremos muito trabalho pela frente — diz.

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