Mulheres na Guerra do Paraguai

Mulheres na Guerra do Paraguai

Mulheres na Guerra do Paraguai (EdiPUCRS, 2010) é produto de pesquisa bibliográfica e documental da historiadora gaúcha Hilda Agnes Hübner Flores, autora de várias obras sobre a historiografia regional e brasileira, como Alemães na Guerra dos Farrapos e Aspectos da Revolução Federalista. Flores foi também a tradutora das memórias de imigrantes alemães, em Memória de um imigrante boêmio e Memórias de Brummer.

Em Mulheres na Guerra do Paraguai, Flores reconstrói o imaginário, a mentalidade, as frentes de lutas e resistências de mulheres compelidas a romper as fronteiras do espaço privado do lar durante o maior conflito bélico travado em solo americano.

Entre as mulheres estudadas estão a brasileira Jovita Alves Feitosa, alistada como “Voluntária da Pátria”, usada como propaganda patriótica, e Rosa Maria Paulina Regadas da Fonseca, exemplo de mãe devota ao civismo, cujos sete filhos lutaram na guerra, incluindo o futuro presidente do Brasil Floriano Peixoto; a vivandeira (ou “china”) Maria Francisca da Conceição, que lutou disfarçada de homem ao lado de seu marido; e inglesa Elisa Lynch, a célebre amante do ditador paraguaio Solano López.

Além delas, outras tantas enfermeiras, costureiras, prostitutas, “residentes” (mulheres que seguiam o exército espontaneamente, seguindo filhos ou maridos) e “destinadas” (mulheres paraguaias cujos maridos, militares ou políticos, haviam caído em desgraça e precisaram marchar para o norte do país para cultivarem os campos), cujos nomes a história preservou, mas foram esquecidas pelo senso comum.

Mulheres na Guerra do Paraguai é um relato pungente da presença feminina na retaguarda – e às vezes nem tanto – dos exércitos combatentes e sua luta pós-guerra para terem seus direitos reconhecidos; uma lembrança amarga do destino implacável pelo qual muitas mulheres brasileiras, argentinas, uruguaias e paraguaias tiveram que passar no final na segunda metade do século XIX.

Por Rodrigo Trespach

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