R-U106: o ramo germânico do Y-DNA R1b

Para entender melhor os grupos humanos durante seu caminhar pelos continentes, os geneticistas denominaram estes grupos de “haplogrupos”. O Y-DNA (do cromossomo Y, de pai para filho) e o mtDNA (mitocondrial, de mãe para filha) estão associados às regiões em que estes haplogrupos surgiram e migraram.

Para cada “salto a frente” que o homem dá, subdivide-se em um novo grupo genético – para distingui-los usam-se letras do alfabeto em combinação com números, que, no caso do Y-DNA, vão de A a R.

O haplogrupo R1b

O R1b é o grupo genético mais comum na Europa Ocidental, atingindo mais de 80% da população na Irlanda, nas Highlands escocesas, País de Gales ocidental, na costa atlântica da França, País Basco e Catalunha. Também é comum na Anatólia e ao redor do Cáucaso, em partes da Rússia e no sul e região central da Ásia.

Além da costa do Atlântico e do Mar do Norte, na Europa ocidental, pontos com alta incidência incluem o Vale do Pó, na Itália (mais de 70%), a Armênia (35%), os baskires (ou basquírios) da região dos Urais da Rússia (50%), o Turcomenistão (mais de 35%), o povo hazara do Afeganistão (35%), os uigures de noroeste da China (20%) e os neuaris do Nepal (11%). O R1b-V88, um subgrupo específico para a África subsaariana, é encontrado entre 60 a 95% dos homens no norte dos Camarões.

O ramo proto-germânico do R1b: S21/U-106

O principal ramo proto-germânico do haplogrupo R1b é o S21 (também conhecido por U-106). Ele aparece em cerca de 25% do R1b na Europa, sendo mais comum na Holanda (35%), Áustria (23%), Inglaterra (20%), Alemanha (19%) e Suíça (13%).

É provável que as linhagens do R1b S21/U-106 espalharam-se nesta região durante o período Unetice (entre 2.300 e 1.600 a.C.) tendo em seguida penetrado na Escandinávia por volta de 1.700 a.C., criando, assim, uma nova cultura, a da Idade do Bronze Nórdica (1.700-500 a.C.).

Peças da Idade do Bronze. Foto: DW

O R1b S21/U-106 teria, então, se misturado por mais de um milênio com populações escandinavas preexistentes, representadas pelos haplogrupos I1, I2-M223, R1a-Z284 e, em menor medida, N1c1, que evoluiu para um conjunto relativamente unificado durante a Idade do Ferro, a primeira cultura e língua verdadeiramente germânica, embora espalhadas por muitas tribos.

O R1b S21/U-106 se tornou o subgrupo dominante entre as tribos germânicas ocidentais, mas manteve-se em minoria contra o I1 e R1a em tribos germânicas orientais, incluindo aqueles provenientes da Suécia, como os godos, os vândalos e os lombardos.

Elmo de guerreiro anglo-saxão encontrado em Sutton Hoo, Suffolk,  Inglaterra.

Máscara de um guerreiro anglo-saxão

A presença de R1b S21/U-106 em outras partes da Europa pode ser atribuído quase que exclusivamente pelas migrações germânicas, que tiveram lugar entre os séculos 3 e 10 d.C.

Ainda que o assunto seja controverso, muito em função da generalizações – o que em se tratando de genealogia genética é perigoso, os frísios e os anglo-saxões disseminaram este haplogrupo pela Inglaterra e terras baixas da Escócia (as Lowands), os francos pela Bélgica e França, os burgúndios pelo leste da França, os suevos pela Galícia e norte de Portugal, e os lombardos pela Áustria e Itália.

Os godos ajudaram a propagar o R1b S21/U-106 por todo leste europeu, mas aparentemente, suas linhagens germânicas foram progressivamente diluídas pela mistura com populações eslavas e balcânicas, e seu impacto na Itália, França e Espanha foi muito menor.

Mais tarde, os vikings dinamarqueses e noruegueses também contribuíram para a difusão do haplogrupo (assim como o I1, I2b1 e R1a) em grande parte da Europa Ocidental, mas, principalmente, na Islândia, nas Ilhas Britânicas, na Normandia e no sul da Itália.

Migração R1b

Tradução e adaptação de Rodrigo Trespach,
com base em textos e dados extraídos de ISOGG/Eupedia/Family Tree DNA

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Leia ainda o artigo DNA: o segredo da vida.

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