O novo livro do Prof. Lauro Cunha busca oferecer a visão de que há uma grande diversidade de histórias nas quais os índios guaranis se fizeram atores em importantes papeis no litoral norte do Rio Grande do Sul. Após a chegada dos europeus, eles atuaram em variados mecanismos de dominação do sistema colonial, onde também souberam oferecer resistências à exploração, pois afinal de contas, não eram apenas figurantes ou vítimas passivas.
A narrativa abarca o período de um milênio, onde o Autor busca apresentar questões relevantes acerca desses processos históricos vividos pelos Guaranis. Ao longo do texto, ele deixa evidente o quanto ainda precisa ser pesquisado, pois cada um dos temas também se constitui em proposta de pesquisas mais aprofundadas.
Mesmo assim, o material ora apresentado aos leitores pode ser entendido como paradidático, pois muito servirá de ajuda a educadores e alunos. Nisso o autor acertou em cheio, pois é imensa essa lacuna historiográfica. Além dessa preocupação escolar, o livro também objetiva iniciar uma maior aproximação da população litorânea das alteridades indígenas que ali vivem hoje.
Apoiando-se nos fundamentos teóricos da Nova História Indígena, esta pesquisa pautou-se pelos seguintes questionamentos: Em quais contextos econômicos e sociais os Guaranis estiveram imersos? Em que cenário puderam desenvolver as relações que tiveram que estabelecer com os outros grupos étnicos? Quando e como os Guaranis executaram esses papeis e sob quais interesses atuaram?
A presença Guarani no Litoral Norte gaúcho
As respostas estão fluentemente trabalhadas nesta prazerosa narrativa que o leitor agora tem em mãos.
Migrantes da Amazônia, os Guaranis chegaram ao litoral gaúcho há uns mil anos, onde outras etnias indígenas já viviam há muito mais tempo. A partir de fins do século 16, eles começam a ser caçados como escravos. Chegaram a receber algum socorro dos jesuítas, mas não o suficiente para se livrarem daquele tráfico. Depois disso, outros guaranis passaram a circular pela região: os aliados dos espanhóis, em patrulhas armadas para espionar os portugueses; e os utilizados pelos paulistas nos empreendimentos sertanistas, nas funções de carregadores, remadores, guias etc.
A partir do início do século 18, a mão-de-obra guarani seria fundamental no tropeirismo, na abertura dos caminhos sul-sudeste, nas estâncias de criação de gado. Com isso, o sangue guarani veio a fazer parte da formação da população original do litoral. Importantes também foram os aldeamentos oficiais que o governo fundou com índios trazidos das missões. E eles chegaram a ter sua própria estância de criação no litoral.
Na década de 1820, tentou-se uma colonização com guaranis aprisionados em guerras no Uruguai. Este aldeamento, em Torres, não prosperou; mas os índios foram importantes colaboradores da imigração alemã na região. Triste fato: eles também foram utilizados na luta contra os índios selvagens.
Depois disso, aparentemente, os Guaranis estiveram meio sumidos. Na verdade, eles passaram a ser descritos, nos censos e em outras documentações, como pardos ou forros. Mas, a partir do início do século 20, eles começaram a voltar e hoje estão espalhados por todo o litoral norte.
Fonte: Divulgação.
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