Joseph Fouché – Retrato de um homem político

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A editora Zahar lançou mais uma obra do genial Stefan Zweig. Joseph Fouché – Retrato de um homem político preparou o caminho para a biografia mais conhecida do escritor austríaco.

Depois de Maria Antonieta (2013), O Mundo insone (2013), O mundo de ontem (2014) e Três novelas femininas (2014), a editora Zahar lança no Brasil mais uma obra do genial escritor austríaco Stefan Zweig: Joseph Fouché – Retrato de um homem político.

Joseph Fouché, a história do político camaleão que passou incólume pela Revolução Francesa e pela Era Napoleônica, derrotando, entre outros, Robespierre e Napoleão. Escrito por Zweig em 1929, Joseph Fouché preparou o caminho para a maior obra do escritor, Maria Antonieta – Retrato de uma mulher comum.

Além da pesquisa histórica e da narrativa dramática única, uma marca da genialidade do austríaco, os aspectos histórico-político e, principalmente, o psicológico, que marcarão a biografia da rainha francesa, já estão presentes em Joseph Fouché.

Aliás, Alberto Dines, o biógrafo brasileiro e autoridade internacional em Stefan Zweig, autor do posfácio que acompanha o livro, enquadra Joseph Fouché não entre as obras de ciência política ou historiografia, mas no que ele chama de “psicopatologia do poder ou na inexorável dialética das sublevações”.

“Os governos, as formas de governo, as opiniões, os homens mudam, tudo cai e desaparece no torvelinho veloz do fim do século, e só um homem fica sempre no mesmo lugar, em todos os postos, com todos os modos de pensar: Joseph Fouché”.

Fouché era, para Zweig, um obscuro, pálido, cavernoso, tímido e covarde seminarista, depois implacável militante anticlerical, inventor da polícia política do Estado policial, sanguinário regicida e protogenocida, burocrata do extermínio.

Calculista, oportunista, tinha a habilidade incomum de andar pelas sombras, de influenciar sem tomar à frente, de se posicionar sempre do lado da maioria ou, no caso da Revolução Francesa, do líder do momento, nunca se posicionando ou tomando partido até que um vencedor despontasse ou fosse aclamado.

Enquanto a Convenção se preparava para votar pela execução ou não de Luís XVI, Fouché trazia no bolso do casaco um manifesto convicto contra a condenação do rei. Quando por influência dos jacobinos os deputados pedem a cabeça do monarca, Fouché proclama a execução de Luís XVI como uma necessidade inevitável. De moderado se torna ultrarradical; um traidor, fiel a si mesmo e a própria causa.

“A política não é, como se quer fazer crer de qualquer maneira, a liderança da opinião pública, mas uma submissão servil dos líderes diante da mesma instância que acabaram de criar e influenciar”.

E assim o será também durante o Diretório, o Consulado e o Império. Tramará contra Colott, Babeuf, Barras e Talleyrand. Nem mesmo Maximilien Robespierre e próprio Napoleão escaparam de suas tramas; o grande orador, o puritano republicano, o líder do Terror e o general popular e imperador da Europa.

Por fim, Fouché traiu a todos e a todos sobreviveu. Fiel a si mesmo, durante mais de duas décadas manteve a insaciável sede de poder que o colocou no papel do mais abjeto político da Era Moderna. Não é à toa que tanto na época de Zweig quanto agora sua personalidade é identificada como a do “político puro” e inescrupuloso.

Escrito originalmente em alemão, Joseph Fouché – Retrato de um homem político teve como tradutora Kristina Michahelles, conhecida por ter realizado outras traduções da obra de Zweig. O posfácio, como dito, foi assinado pelo jornalista Alberto Dines, diretor da Casa Stefan Zweig, em Petrópolis; o que enriquece consideravelmente a obra, Dines apresenta o mundo do autor por trás da produção do livro.

Assim como Maria Antonieta – Retrato de uma mulher comum, Joseph Fouché – Retrato de um homem político é leitura obrigatória para os amantes de biografias e interessados em Revolução Francesa e personalidades políticas.

Por Rodrigo Trespach

Saiba mais sobre a obra no site da Zahar.

E compre o livro na Livraria Cultura.

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