A mulher do oficial nazista

A judia austríaca Edith Hahn estava prestes a concluir seu doutorado e entrar em uma promissora carreira dentro do judiciário quando o nazismo deu início a uma série de leis antissemitas que restringiam a participação dos judeus na sociedade alemã e austríaca – agora, em 1938, transformadas em uma única, a do grande Reich de Hitler.

Forçada primeiro a trabalhar em uma plantação de aspargos em Osterburg, no norte da Alemanha, e depois em uma fábrica de caixas de papelão em Aschersleben, conseguiu retornar a Viena em 1942 – o ápice da Segunda Guerra, quando a Alemanha Nazista vencia em todas as frentes de combate – para reencontrar seu namorado Joseph Rosenfeld, o “Pepi”, e tentar descobrir o paradeiro da mãe que fora enviada para a Polônia.

“Ali, na minha própria cidade, eu tinha me tornado uma fugitiva e estava sendo caçada. Se fosse vista por qualquer pessoa que me conhecesse, eu talvez fosse denunciada. Se não procurasse as pessoas que me conheciam, eu morreria de forme”.

Decepcionada com a indiferença e a falta de coragem de “Pepi” diante de sua situação, com ajuda de um amiga influente dentro do Partido Nazista, Maria Niederall, Edith conseguiu uma nova identidade – como cristã e “ariana”. Dessa forma tornou-se Grete Denner e fugiu de Viena para Munique. Foi como Grete que ela conheceu Werner Vetter. Membro do Partido Nazista e supervisor do departamento de pintura na fábrica de aviões Arado, o “cavaleiro branco de Munique” apaixonou-se por Edith/Grete e a pediu em casamento, mesmo tendo descoberto sua verdadeira identidade.

“Minha alma se recolheu a um silêncio racional. O corpo permanecia ali naquela loucura”.

Em A mulher do oficial nazista (HarperCollins Brasil, 2017), concluído com auxílio da escritora e roteirista Susan Dworkin, Edith Hahn conta como viveu anos com medo de ser desmascarada por  suas superioras na Cruz Vermelha e por oficiais nazistas amigos do esposo; narra o momento em que seu marido foi capturado pelos soviéticos, quando foi expulsa de sua casa e precisou fugir dos estupros coletivos praticados pelas forças de ocupação.

Depois da guerra, em 1948, ela refugiou-se na Grã-Bretanha e casou com o judeu Fred Beer. Viveu por um tempo em Israel e retornou a Europa. Seu acervo pessoal, com mais de 800 documentos, foi doado para o Museu Memorial do Holocausto em Washington, nos Estados Unidos.

O testemunho de Edith Hahn é um exemplo da complexidade humana no mais abrangente e atroz conflito da História.

Por Rodrigo Trespach

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