Filhos de nazistas: Os impressionantes retratos de família da elite do nazismo

Livro de Tania Crasnianski conta a história dos filhos de oficiais nazistas, como eles viveram durante o período do nacional-socialismo, a Segunda Guerra e após derrocada do regime de Hitler.

Gudrun, Edda, Wolf, Martin Adolf, Rolf e Niklas, entre outros, são completamente desconhecidos mesmo onde vivem – ou onde viveram. Mas seus sobrenomes são reconhecidos em qualquer parte do mundo:  Himmler, Göring, Hess, Bormann, Mengele, Speer, Frank e Höss.

Em Filhos de nazistas, lançado no Brasil pela editora Vestígio, do Grupo Autêntica, Tania Crasnianski relata de forma simples e direta um aspecto pouco explorado na historiografia sobre o nazismo e a Segunda Guerra: a vida e o destino que tiveram aos filhos dos oficiais e dos líderes nazistas durante o período do nacional-socialismo, a Segunda Guerra e derrocada do regime de Hitler. 

“Meu pai continua a ser popular na Alemanha. A mídia não gosta de dizer isso, mas  ela não reflete a opinião popular. O governo da Baviera nos faz sofrer, eu e minha mãe, mas o povo sempre no apoiou”. Edda Göring, filha de Hermann Göring, o Reichsmarschall, comandante da Luftwaffe.

Bebês de colo, crianças ou adolescentes durante a Segunda Guerra, eles a viveram sob a proteção de pais afetuosos e poderosos, com a ideia de que eram seres de uma raça superior. Para eles, o fim do Terceiro Reich foi a queda em um abismo, um duro choque de realidade. Inocentes, desconhecedores dos crimes de seus pais, eles foram presos, passaram pela miséria da Alemanha pós-guerra e a vergonha de descobrir a extensão dos horrores cometidos em nome de um ideal racista. 

“Eu tinha 7 anos quando ele morreu, e não chorei. Nós o tínhamos visitado na prisão, no início de setembro. Eu tinha entendido que ele ia morrer, só falavam disso no rádio e na escola”. Niklas Frank, filho de Hans Frank, governador-geral da Polônia ocupada.

Não há respostas fáceis, mas Crasnianski levanta questionamentos: Que laços eles mantiveram com seus pais? como vivem ou conviveram com um nome amaldiçoado pela história? Eles podem ser perdoados e redimidos da culpa dos pais?

Gudrun Himmler e Edda Göring mantiveram seus pais em um altar, negaram o Holocausto e continuaram a se reunir com simpatizantes nazistas – Gudrun acredita até hoje que o cruel chefe da SS não cometeu suicídio, mas foi morto por agentes britânicos. Martin Adolf Bormann e Niklas Frank repudiaram seus genitores e seu passado – Niklas foi o único biografado que Crasnianski conseguir entrevistar. Outros mal tiveram contato com os pais, decidiram se esconder e fugir de qualquer contato com o passado. O caso de Albert Speer Jr. foi único, além de herdar o sobrenome ele tinha o mesmo nome do pai e seguiu a mesma profissão: a arquitetura.

“Meu pai admirava meu trabalho de arquiteto, mas não o compreendia. Nossas épocas eram diferentes demais.”  Albert Speer Jr., filho de Albert Speer, o arquiteto de Hitler.

Com algumas fontes inéditas para o público brasileiro, como os interrogatórios realizados durante os julgamentos pós-guerra e entrevistas concedidas pelos biografados entre as décadas de 1950 e 1970, Filhos de nazistas é mais uma fonte importante no vasto material que compõe hoje o arquivo mundial sobre o nazismo.

Por Rodrigo Trespach

Para comprar o livro, acesse o site da Autêntica.

 

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