A queda de Napoleão

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O historiador norte-americano Steven Englund biografou Napoleão de uma forma incrível em sua gigantesca obra Napoleão, uma biografia política (Zahar, 2005). Mas Jean-Paul Bertaud, historiador e professor na Sorbonne , em Paris, superou todas as expectativas as narrar de forma ainda mais brilhante os três dias finais do império napoleônico.

A queda de Napoleão  (Zahar, 2014) é a narrativa eletrizante das atribulações vividas pelo imperador francês entre os dias 21 e 23 de junho de 1815. Derrotado em Waterloo poucos dias antes, Napoleão chega a Paris na tentativa de reorganizar as forças francesas e impedir que o avanço anglo-prussiano chegue a capital do país.

Para tal, seria necessário instaurar uma ditadura militar, reagrupar os restos do exército derrotado por Wellington e Blücher, convocar a Guarda Nacional e iniciar um alistamento geral, como o realizado no pós-revolução, em 1792.

O problema para Napoleão é que as Câmaras, dos Pares e dos Representantes, não acreditam mais na figura do monarca e sabem que os inimigos da França só irão aceitar negociar sem que ele esteja à frente do país.

O país está cansado, exaurido de quase três décadas de guerras constantes e apesar de ainda ser reverenciado pelas camadas mais baixas da população, Napoleão não é mais unanimidade no círculo de poder. E está pressionado por todas as forças políticas que o cercam, pelos que antes o bajulavam e por aqueles que sempre tramaram por sua ruína.

Mas o imperador se recusa a renunciar. “Separando-se de mim, eles perdem a França”. Para ele, sua liderança, que exige uma ditadura militar com amplos poderes de ação, é a salvação do país, a garantia de liberdade e da independência do império.

As Câmaras tem outra opinião: os aliados da coalização não desejam escravizar ou humilhar os franceses, mas não aceitam mais Napoleão e sua política expansionista. Ele precisa ser derrotado de uma vez por todas. Se Napoleão não abdicar, a França perecerá com ele.

Em A queda de Napoleão , Bertaud  nos coloca dentro do Palácio do Eliseu, antiga residência da célebre amante de Luís XV e agora cede do governo de Napoleão, e do Palácio Bourbon, onde se reúne a Câmara dos Representantes.

Em meio a intrigas, disputas pelo poder e diálogos reconstituídos por meio de cartas, bilhetes, diários, livros de memória, depoimentos e documentos oficiais, Bertaud transporta seu leitor a Paris do final de junho de 1815 e aos derradeiros dias de glória do homem que poucos anos antes havia deixado a Europa de joelhos.

Por Rodrigo Trespach

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