Dom Pedro II na Alemanha

d.-pedro-II-na-alemanha

Dom Pedro II sempre desejou dar a seu país uma perspectiva e uma imagem de progresso, de cultura e de liberdade. Desde jovem almejava esse objetivo, para a concretização do qual se colocou em contato com cientistas, industriais, literatos e sábios do mundo civilizado de sua época.  Após trinta anos de bom governo, empreendeu à própria custa, para complementar seus conhecimentos, diversas viagens ao exterior.

Uma das nações que mais lhe interessou foi a Alemanha; não, certamente, pelo militarismo que ali vigorava àquele tempo, mas pela vasta gama de inovações técnicas desenvolvidas em diferentes áreas, como a agricultura, e pelas conquistas culturais em geral, que poderiam beneficiar nosso país.

A grande imigração germânica para o Brasil também foi por ele apoiada em virtude dos bons resultados desde cedo obtidos.  Em D. Pedro II na Alemanha, o leitor encontrará D. Pedro de Alcântara a impressionar grandes sábios europeus com sua vasta erudição e simplicidade de modos.

Publicado pelo Senac São Paulo, o livro de D. Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança narra fatos em grande parte inéditos sobre a trajetória de D. Pedro II que, além de importantes como objeto de conhecimento, nos proporcionam, também, ensejo para recordar essa antiga e tradicional amizade entre os dois países, revivida em 2013, com a celebração do ano do Brasil na Alemanha.

Para comprar, acesse SENAC

Leia abaixo entrevista do autor a Maiá Menezes, do O Globo.

“Tenho 82 anos, oito filhos e dezesseis netos. Estou lançando um livro sobre as viagens de meu tataravô, Dom Pedro II, à Alemanha. Sou casado há 46 anos com uma prima, tataraneta da rainha da Áustria. Meu nome é um conglomerado de nacionalidades. Vivo em Portugal, mas morei 12 anos no Rio, em Copacabana’’

Conte algo que não sei.

Na autobiografia de Dom Pedro II há um pedaço do diário anexado ao livro que estou lançando sobre suas visitas à Alemanha. Ali ele escreve como deve ser um imperador, e diz que inveja os presidentes da República. Muitos disseram que ele era republicano. Não era republicano nada. Tinha mais de 20 anos de governo. Era um peso. Tinha que governar até morrer. Um presidente depois é livre, vai ter um boa vida, viajar, estudar. Foi inveja mesmo, um grito à liberdade.

O que mais o livro revela?

Dom Pedro descreve como se tratam os dinheiros públicos. Qualquer desperdício é um furto à nação. Por exemplo, fazer um porto em Cuba ou no Uruguai. Isso ele não teria feito.

Por que escrever sobre a relação com a Alemanha?

Já foi escrito sobre a viagem dele à Rússia, à Escandinávia, ao Egito. Ano passado foi o ano do Brasil na Alemanha, e nada se sabia sobre as quatro viagens que ele fez ao país. Muito material sobre a viagem não existia porque Dom Pedro viajava como particular, não fazia viagens oficiais, pagava seus deslocamentos. Ele praticamente iniciou o que hoje temos como viagens à prestação.

O que motivou as viagens?

Em 1870, morreu de tifo, em Viena, sua filha, irmã de D. Isabel, a princesa Dona Leopoldina, sepultada na Alemanha. Ele queria ir, rezar no túmulo dela. Na quarta viagem, já como imperador destronado, só lhe davam bom-dia, sem honras. Visitou grandes indústrias, como a Krupp. Não queria comprar canhões, era antimilitarista, mas achou que o Brasil tinha que estar na vanguarda da técnica e bem guarnecido, depois do caso do Paraguai.

Como foi viver no Brasil, com esta herança?

Um peso. Antes muita gente dizia: com esse nome, facilita. É o contrário. Se eu me chamasse Antônio, teria sido muito mais fácil. Mas temos que oferecer uma parte própria de sabedoria e de prática. As pessoas valem pelo que elas são e não pelo nome que levam.

Qual a história do nome?

Sou um conglomerado de nacionalidades. Tenho parentes no mundo inteiro, sangue italiano, alemão, inglês, português, espanhol. Procuro tirar o melhor de cada pedacinho.

Seus filhos falam a língua?

Todos. Fizeram estágio aqui. E têm nome brasileiro: um é Afonso Carlos, o outro José, outro Antônio, outra Leopoldina… Quanto mais conheço o mundo, mais aprecio o Brasil, com todos os seus defeitos. É um país extraordinário, com uma natureza maravilhosa. Gostaria de voltar a ser fazendeiro, criar umas vaquinhas.

O Brasil esquece a história?

Muita coisa caiu no esquecimento voluntariamente pela República. A História é escrita pelo vencedor. As grandes bases da República de hoje foram feitas pelo Império, em todos os sentidos. Uma delas foi a dignidade que o imperador imprimiu à coisa pública.

A República foi culpada pela deterioração da política?

A República, antes de mais nada, foi um golpe de Estado. Eles tiveram medo de uma reação do povo, por isso embarcaram Dom Pedro de noite. Isso já foi um sinal de fraqueza muito grande. Não posso dizer que a culpa seja da República. O Brasil é tão rico! E sempre se falava: está à beira do abismo. Por pior que o governo seja, o Brasil caminha. Ele é maior.

 

Curta e compartilhe com amigos e interessados. Obrigado!